No último mês demos nosso primeiro passo mais concreto desde a formalização da empresa ao iniciarmos um grupo piloto para proteção de smartphones usados. Mas vamos começar do início.
Um erro muito comum que pessoas técnicas cometem na hora de validar uma ideia é focar no que sabemos fazer (desenvolver software, no meu caso) ao invés de focar no que realmente é o objetivo mais importante no momento: validar a proposta de valor com clientes reais. Em um ambiente de tantas incertezas, é muito fácil abraçarmos nossa visão de solução, abaixarmos a cabeça, e investirmos meses desenvolvendo uma ferramenta que muitas vezes ninguém vai querer usar no final. Mas já passamos por isso em outras experiências, e estamos decididos a fazer diferente e tentar seguir o pensamento "lean" by the book.
Um caminho mais óbvio seria desenvolvermos rapidamente um MVP mais simples, porém quando pensamos na dinâmica de um grupo de ajuda mútua, vemos que há muitas maneiras diferentes deles funcionarem, e embora tenhamos várias boas hipóteses sobre como o app deveria ser, sabemos que elas são ainda apenas hipóteses não validadas. Então, para encurtar ainda mais o processo de aprendizagem, abraçamos o espírito de co-criação e decidimos fazer um caminho diferente: formar um primeiro grupo piloto formado principalmente por empreendedores do ecossistema de startups de Vitória/ES usando apenas soluções de terceiros, como WhatsApp para a dinâmica de grupo, SurveyMonkey para formulários de cadastro, pedidos de indenização e demais processos, PagSeguro/PicPay para pagamento e planilhas para controlar os recursos do grupo.
No dia 21/Dez, mesmo sendo véspera de Natal, conseguimos reunir um grupo de dezenas de empreendedores no cowork Nest com o objetivo de apresentarmos nossa visão de co-criação e colher feedbacks dos amigos empreendedores. Não estávamos lá para defender ou vender nossa visão, mas apenas para apresentar nossas hipóteses, nossas dúvidas, e ouvir o que os participantes tinham a acrescentar. Deixamos isso muito claro e fizemos uma apresentação bem transparente do que estávamos planejando, e recebemos muitos feedbacks realmente importantes.

No final divulgamos que estávamos iniciando um grupo piloto de proteção de smartphone que funcionaria de forma experimental, mas pra valer. Criamos um formulário de cadastro e dois grupos no whatsapp. Os interessados preenchem o cadastro que é compartilhado via Whatsapp com o grupo para votar e aprovar ou não a entrada do novo membro. Uma vez aprovado, o membro deve fazer um provisionamento de 5% (mais taxas) do valor de cobertura desejado para então ser incluído no grupo. Sabemos que 5% pode ser um percentual muito alto para proteções de ticket médio mais alto, mas como se tratava de smartphone, esse era um valor bem razoável. E vale lembrar que somente quando acontecer um evento e o grupo aprovar um rateio que cada membro precisará fazer um novo aporte para recompor o seu valor provisionado.
Nos dias seguintes algumas pessoas se cadastraram e, embora com o número de membros menor do que o ideal, nasceu assim o nosso primeiro grupo de proteção para smartphones. Tudo muito improvisado e operacionalizado manualmente por nós, mas sempre tentando tirar o máximo das ferramentas disponíveis para proporcionar a melhor experiência para os nossos clientes.
Mas além do grupo "oficial" no Whastapp para as interações mais formais, como aprovar um novo membro, criamos também um outro grupo que chamamos de "co-criação". Nele todos os participantes do piloto foram convidados a participar ativamente do processo de validação e das definições de como o grupo deve funcionar, discutindo conosco ideias e propostas que poderiam em sequência serem colocadas em prática. Acreditamos que esse é o único caminho para conseguirmos realmente projetar uma plataforma que proporcione uma excelente experiência de usuário.

O resultado até aqui é que os primeiros feedbacks foram muito bons. Todos tem aquela reação de "que ideia fantástica!". É claro que o fato do grupo ser formado por amigos poderia mascarar um pouco nossa validação neste momento, porém em geral os participantes são amigos empreendedores, acostumados a olhar criticamente qualquer novo negócio, e treinados na cultura de feedbacks honestos e diretos. Não recebemos muitas críticas, porém muitas perguntas foram feitas para as quais ainda não sabemos qual é a melhor resposta. Mas só estamos começando, e dada a aceitação e os elogios à proposta de um "self-insurance" compartilhado, acreditamos que estamos no caminho certo.
Então, vamos que vamos!
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